Uma instalação composta por múltiplas portas de frigorífico - algumas delas remontando aos anos 50, entretanto abandonadas e vazias - que, reunidas, formam uma carruagem monumental invertida e em crescendo. De perto verificamos que existem casacos de pele (usados) pendurados e ambientadores inseridos nas esquadrias metálicas. Um estranho vestiário que se socorre do universo da moda de luxo enquanto paradigma da infelicidade (hiper)consumista. A assemblage destes objetos é incongruente e gera uma dimensão surrealista que perturba a nossa leitura. Ao brincar com elementos pertencentes a um território comum, Joana Vasconcelos consegue instaurar a ambiguidade e o desconforto. Esta não é uma obra aprazível e repleta de cor. É inquietante, soturna e incómoda. Questiona o desperdício e a incongruência do ser humano. Menu do Dia evoca o frio e o calor enquanto nos fala de um morticínio animal. Assistimos com relutância à deterioração destes despojos e ao nosso próprio declínio.
Obras