Apreciador de automóveis antigos, o avô de Joana Vasconcelos ofereceu-lhe este Morris Oxford clássico para que praticasse a destreza ao volante após a emissão da carta de condução. Sem mossa, o primeiro automóvel da artista plástica foi elevado à categoria de obra de arte, que nele projetou universos simultaneamente antagónicos e familiares. O exterior crivado com dezenas de espingardas de plástico e luzes LED vermelhas que se acendem e apagam ininterruptamente; o interior repleto de centenas de bonecos de peluche que se agitam ruidosamente clamando por atenção e espaço. A negritude da aparência, em contraste com os passageiros coloridos, permite à artista conjugar o caráter bélico e o lado festivo, numa viagem que vai da infância à idade adulta, do sonho ao pesadelo, da escuridão à luz. E o título sublinha o jogo metafórico deste inovador memento mori.
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