O projeto de arte pública com o título Portugal a Banhos materializa-se numa obra moldada integralmente em fibra de vidro com o contorno do desenho do território continental nacional. A dimensão, cor e materialidade, são em tudo similares às piscinas em fibra de vidro pré-fabricadas que se encontram à disposição no mercado, um pouco por todo o país.No entanto, esta «piscina» assume-se como obra de arte, não tendo quaisquer objetivos utilitários, recorrendo unicamente à mão de obra manual para a sua concretização.
Através da forte presença física, Portugal a Banhos interpela o espectador fazendo uso dos mesmos métodos publicitários e comerciais utilizados pelos comerciantes. A peça, colocada na posição vertical, suportada por uma estrutura metálica, reproduz de forma mimética a posição de escaparate e a lógica implacável dos cartazes publicitários que nos acompanham ao longo de praticamente todos os trajetos.
Reforçada pela sua dimensão iconográfica, fácil reconhecimento formal e rápida perceção, a obra procura questionar os métodos e os fins de uma cultura de consumo imediatista, subjacente à exploração iconográfica do imaginário coletivo enquanto entidade patrimonial.
Ao mesmo tempo, estamos na presença de um objeto de desejo - a piscina -, sugestivo e sedutor, tanto na forma como na cor, embora simultaneamente ferido de uma desconcertante inutilidade.
A enorme escala remete para o absurdo da estandardização crescente do universo construído das nossas cidades e lugares, e da multiplicação de formas e matérias esvaziadas de sentido, oportunidade e especificidade. Por outro lado, a piscina, enquanto objeto associado ao habitar, é conferida de uma dimensão de culto associado ao luxo; luxo esse, agora já disponível e pré-fabricado, ao alcance de muitos dos transeuntes, como se de mais um simples eletrodoméstico se tratasse.
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