Em A Todo o Vapor, Joana Vasconcelos volta a utilizar um dos utensílios quotidianos arquetípicos da mulher, invertendo as suas qualidades funcionais. A artista cria um bailado robotizado usando um conjunto de coloridos ferros de engomar a vapor BOSCH (em vermelho, amarelo e verde: as cores da bandeira portuguesa) que reinterpreta o desabrochar lento de uma flor-de-lótus (símbolo budista do renascimento, da pureza espiritual e da beleza), conhecida por florescer sobre águas escuras e barrentas.
Numa sincronizada coreografia sci-fi de inspiração doméstica, aparentemente atraente, positiva e celebratória, o inquietante universo feminino é trabalhado a partir da relação de oposição entre a delicadeza das pétalas e a dureza fria do aço inoxidável. Encontramo-nos novamente perante o eco do seu gosto pelo barroco, pela ornamentação opulenta, pela ironia e pelo humor.
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