A “valquíria” da nave central é deslumbrante. Com o nome de Valkyrie Octopus, criada no ano de 2015, a majestade de seu porte cria um deslumbre pela gestão das cores, o rico dos tecidos, a fantasia das iluminações e o luxo dos suportes azuleijados que tanto sugerem colunas estruturais como a presença de pórticos de um palácio poético cujo bojo ala. Das várias “valquírias” que tenho visto, esta é talvez a mais lírica, a mais delicada, a que nos convida para um estado mais gentil.

Já fiz imensas Valquírias. A Valquíria que está no MAAT é uma peça feita para Macau. Para uma grande praça, como se fosse um espaço multiusos para ter eventos, com lojas e restaurantes, e queriam uma peca para aí. Nesse espaço já tinham um aquário azul gigante de 10 metros de altura e queriam uma peça adicional com os tons de Lisboa. Cores claras, como as que vemos nas fachadas dos prédios de Lisboa, banhadas pelo nosso pôr do sol. Uma peça com o azul como cor predominante, inspirada na água do mar e do rio, condizente com o aquário e representativa da nossa relação com o mar. Essa dimensão foi muito importante naquela peca. A peça que vemos no MAAT não é exatamente a peça que lá estava, porque foi muito adaptada. Aqui tem uma relação diferente com o espaço, e é este lado camaleónico das Valquírias que é muito interessante, porque elas criam uma relação única com o espaço. A cada espaço onde chegam criam um diálogo próprio com o mesmo. Há um lado muito metafórico, e isso é giro. Nem parece a mesma peça.