A água, para mim, é sinónimo de vida e de renovação. No quotidiano da Europa, a água tem uma presença tão constante que eu só me dei conta da sua real importância quando viajei até ao México. Lembro-me de entrar na casa de um pueblo, que era uma única divisão onde tudo acontecia, completa com rede para dormir e televisão, mas onde não havia uma única torneira. Aquela constatação despertou em mim uma nova consciência. Aos poucos, a água foi entrando no meu corpo de trabalho, através da criação de piscinas, urinóis ou lavatórios, onde a representação aquática é feita através de elementos têxteis, frequentemente em cores azuis ou incorporando o brilho que nos remete para o reflexo da água. O meu trabalho enquanto artista também tem servido para abordar questões que eu considero prementes, como a sustentabilidade do planeta e a gestão dos recursos do futuro. E a expressão da água na minha obra faz-se através da abundância, com elementos que jorram a partir das obras, simbolizando aquilo que a água representa hoje e há-de representar cada vez mais: um luxo.