Sobre 'Pimple' - cujo título reporta à série de pequenas e coloridas borbulhas em crochê que a pontilham - é a resposta de Joana Vasconcelos a um enunciado lançado pela revista Máxima Interiores. Por ocasião do seu 10º aniversário, a publicação desafiou um grupo de criadores a intervencionar cadeiras de madeira. E é a partir desse briefing que a artista portuguesa opta por, num claro contraponto à ortogonalidade deste objecto, evocar a organicidade que norteia toda a sua obra. Joana Vasconcelos transforma, adultera e inviabiliza a função primordial desta cadeira. Apesar do seu aspecto lúdico, é impossível utilizá-la. Ao introduzir nesta peça de mobiliário comum uma série de elementos têxteis que modificam a sua forma original, textura e cor, é-lhe alterado o seu significado e adicionada uma nova dimensão, escultórica. Prática recorrente no percurso de uma artista que, ao longo de quase 30 anos, tem recriado símbolos, questionado estereótipos e identificado o potencial criativo de diversos dispositivos de cariz utilitário. Produzida em 2008, Pimple é a peça inaugural da série Cadeiras e congrega grande parte do vocabulário estético que vemos espelhado em obras mais recentes.
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