Uma enorme estrutura em ferro forjado adota a forma de um garrafão de vinho. A estrutura é percorrida e assim decorada com videiras, impondo a sua presença monumental no exterior. Nas grades em ferro que dão forma ao garrafão reconhecemos os padrões característicos de vedações e guardas de varandas. A relação aparentemente distante entre o objeto representado e o elemento que o estrutura é contrariada pela especificidade da zona de implantação da obra.
Pavillon de Vin assume-se como uma autêntica escultura-caramanchão, onde o elemento industrial e o elemento natural se conjugam numa simbiose perfeita, em clara comunhão e complemento com a malha urbana circundante.
O ferro forjado, material arquitetónico simultaneamente funcional e decorativo, surge investido de importância estrutural na construção do objeto, cuja domesticidade é negada pela hiperbolização da sua habitual escala.
A estrutura alusiva ao garrafão e sobretudo as videiras que o envolvem, constituem um micro universo rural transportado para a realidade urbana, contrariando a tradicional incompatibilidade entre estes dois mundos.
Fortemente enraizado na sociedade portuguesa, o vinho assume inegável importância em diversos contextos – social, económico, religioso –, mas a universalidade que se lhe reconhece excede a especificidade única de um país ou região, conferindo à obra uma leitura transfronteiriça e a possibilidade de um diálogo enriquecedor, complexo e estimulante com outras culturas, regiões e países.
Assertivas referências históricas e culturais, e alusões relativas à realidade urbana e ao ambiente doméstico, colaboram numa estratégia de apropriação, descontextualização e subversão da banalidade, transportando o observador para um universo desafiador das rotinas programadas do quotidiano, um mundo estranho e simultaneamente familiar.
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