A Summer Exhibition de 2018 - a 250ª - revelou-se indissociável do seu coordenador, Grayson Perry. Houve muitos outros coordenadores notáveis no passado recente, nomeadamente o artista e professor Michael Craig-Martin, em 2015, cuja abordagem, dominada por paredes de cores vivas, influenciou grandemente Perry. Mas, sem dúvida, nenhum desenvolveu uma teoria expressa de forma tão clara sobre a Exposição relativamente ao panorama mais alargado da vida social britânica. Foi talvez uma consequência inevitável do convite a uma figura que é, antes de mais, um artista, mas cada vez mais conhecido, pelo menos na Grã-Bretanha, como comentador cultural - o criador de séries televisivas centradas no gosto, na classe, na identidade e na masculinidade.
A exposição de Perry foi notável em muitos aspetos, incluindo as obras de grande impacto, mas um pouco exuberantes, que encomendou a Anish Kapoor e Joana Vasconcelos - com Royal Valkyrie - no Pátio Annenberg e na Galeria I, respetivamente, e a presença dispersa e fragmentada da exposição, que teve lugar em algumas das galerias principais, mas com gravuras nas Galerias Sackler e uma discreta "Room of Fun" na Galeria McCauley, no edifício Burlington Gardens, recentemente restaurado, da Royal Academy. Mas a sua caraterística marcante foi o facto de ser tanto uma forma de análise social quanto uma exposição de arte, em que a Summer Exhibition se tornou o seu próprio objeto de estudo.A Galeria III, sempre a parte central da exposição, foi o único espaço comissariado apenas por Perry, e foi aí que a sua presença foi mais palpável, as suas ideias mais destiladas: na "Grande Sala" de exposições do passado, a própria Summer Exhibition tornou-se a obra de arte de Grayson Perry.